Trotes solidários dão exemplo de cidadania e respeito




Todos os vestibulandos têm um objetivo em comum: entrar na faculdade e o trote faz parte desta nova fase que está por vir, por isso é considerado um ritual de passagem ou uma espécie de iniciação na vida universitária. No entanto, esse ritual de passagem que deveria servir para integração entre veteranos e calouros pode se tornar um pesadelo para os novatos, que são submetidos, em todo o país, a situações humilhantes e abusivas. 

Os alunos veteranos já estão acostumados com as mensagens no inicio do semestre que informam: o trote é expressamente proibido dentro da Univali. Nada de tinta colorida sujando a roupa ou cabeça raspada. Se os calouros quiserem participar de brincadeiras e confraternizações com os veteranos dentro da universidade, devem procurar os Trotes Solidários ou Trotes da Cidadania.



No trote ambiental de 2008, mudas de espécies nativas foram plantadas às margens do Rio Itajaí-Mirim


O curso de Engenharia Ambiental costuma ser um dos mais engajados na organização desse tipo de trote, nesse caso, chamado de Trote Ambiental. De acordo com Hércules Zunino, aluno do sétimo período de curso, e integrante do centro acadêmico, o Caenam, o plano nesse semestre é reunir também os alunos de Ciências Biológicas e, se possível, os de Oceanografia em um único trote, como aconteceu quando o acadêmico foi calouro do curso, em 2009. “Eu tive um trote que foi no Saco da Fazenda, em Itajaí. A atividade era coletar resíduos próximo ao Ribeirão Shneider e no mangue do Saco da Fazenda”, lembra. 

Nesse mesmo trote, enquanto os calouros de Engenharia Ambiental limpavam as margens do Ribeirão Shneider, os novatos de Oceanografia ficaram responsáveis pelo recolhimento do lixo e do entulho acumulados na Praia do Coco, em Balneário Camboriú. Já os calouros de Ciências Biológicas foram dar comida, água e carinho aos bichinhos que esperam por um lar na ONG Viva Bicho, também de Balneário Camboriú. 



Grupo de calouros do curso de Engenharia Ambiental de 2008, plantou 335 mudas de espécies nativas da mata atlântica, entre elas: ingá-feijão, ingá-banana, tucaneira, dedaleiro, tanheiro, ariticum, gabiroba, curtiça, figueira branca e jequitibá.

De acordo com Adriano Canteri, aluno do curso de Ciências Biológicas e integrante do CaiBio, centro acadêmico do curso, nesse semestre a ideia é seguir uma linha semelhante aos trotes passados. “Conversamos com o pessoal do centro acadêmico de Engenharia Ambiental, e provavelmente faremos uma limpeza no rio que passa em Camboriú”, conta. Os trotes ambientais, que vão desde o plantio de mudas nas margens de rios até limpeza de encostas, normalmente são organizados pelos próprios Centros Acadêmicos com auxílio de um professor. Ao final do trabalho braçal, tradicionalmente é feita uma confraternização entre calouros e veteranos. 

Menos sujeira, mais solidariedade 
O curso de Medicina costuma organizar trotes que beneficiem entidades e a comunidade de Itajaí. Todo início de semestre os calouros são mobilizados a arrecadar materiais que são doados a entidades da cidade. Nesse semestre, o trote começou já no primeiro dia de aula e durou cerca de duas semanas. A atividade também serviu como auxílio a um projeto do sexto período do curso, que necessitava de material hospitalar.

Os veteranos aproveitaram o trabalho dos calouros para ajudar na arrecadação. Sob os olhos atentos dos alunos do segundo período – que no semestre passado eram quem cumpriam as atividades – os calouros tinham que desempenhar uma tarefa solidária por dia.

Outros dois cursos que também são famosos por deixar um pouco de lado as brincadeiras com tinta e sujeira e dar mais destaque à solidariedade são Engenharia Civil e Psicologia. Um dos trotes solidários que obtiveram destaque aconteceu em 2008, quando os calouros de Engenharia Civil arrecadaram e entregaram 50 quilos de alimentos ao Parque Dom Bosco, em Itajaí. 

No mesmo ano, os novatos de Psicologia também se destacaram ao entregarem lenços umedecidos e chocolates para o centro de Educação Infantil Nossa Senhora das Graças, que fica próximo a Univali.

Por Juliete Lunkes, estagiária de jornalismo

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