ELEIÇÃO NA VENEZUELA



Por décadas a elite venezuelana governou o país sem saber utilizar os petrodólares a favor do desenvolvimento do país, deixando milhões de cidadãos na miséria. Chávez surgiu neste contexto, com apoio da população e um discurso moderado identificado com o trabalhismo de Tony Blair, então primeiro ministro inglês.

O caudilho iniciou o seu governo de forma moderada, fazendo reformas pontuais e criando programas sociais, sendo apoiado até pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas o poder lhe subiu à cabeça. Com os anos aparelhou a PDVSA, a estatal do petróleo, com seus partidários e despejou os recursos da empresa direto no bolso dos cidadãos como uma mera doação. Fechou canais de televisão, tomou empresas privadas para o governo, inchou o governo com partidários, mudou a Constituição a seu bel-prazer, alterou o nome oficial do país, auto proclamou-se criador do Socialismo do XXI e colocou-se como o novo Simón Bolivar, o libertador. Um verdadeiro caudilho populista latino-americano.

Ainda que os índices sociais tenham melhorado, Chávez não fomentou o desenvolvimento. Criou uma legião de milhões de venezuelanos dependentes de doações do governo, deixou a inflação se descontrolar e bater na casa dos 30% ao ano, não usou os petrodólares abundantes para industrializar o país, enfraqueceu a iniciativa privada, aparelhou o Poder Judiciário a seu favor, doou dinheiro a Cuba, comprou armas do Irã e utilizou recursos públicos para promover a própria imagem.

Hugo Chávez não foi a causa, mas uma consequência desastrosa de uma história de injustiças. Isto não o absolve dos atentados contra os princípios democráticos e da irresponsabilidade administrativa.

Na eleição de amanhã há o candidato do status quo, Nicolas Maduro, que tem a seu favor não apenas um partido mas toda a estrutura do Estado, contra o candidato Henrique Capriles, apoiado pela iniciativa privada, pela classe média, pelos estudantes e pelos artistas. Maduro, motorista de ônibus e sindicalista que tem no currículo o fato de ser amigo do falecido, defende a continuidade do modelo chavista, rumo ao "socialismo bolivariano". Capriles, governador de estado e advogado com formação nos EUA e na Europa, defende o fomento à iniciativa privada para gerar empregos, reduzir a criminalidade e acabar com a pobreza, num modelo parecido com o brasileiro.

São dois caminhos distintos. A Venezuela pode caminhar para o populismo exacerbado de um modelo que mantém milhões na dependência do Estado ou iniciar um caminho rumo à uma sociedade livre, democrática e próspera. Que vença Capriles, pelo bem do nosso continente!

Por: Rodrigo Silveira 


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